terça-feira, outubro 25

Oi! Galera, aquí está mivha narraç̃ao espero que gostem dela.

Ontem na noite lembre-me duma personagem que mora nas ruas do bairro Escadón —onde também moro eu—, e quando digo que mora nas ruas ñao é num sentido metafórico, é verdade. Ele tem seu apartamento sobre a calçada, ao menos, isso é o que ele diz. Seu teto s̃ao as estrelas e suas paredes o ar. Ele é feliz nesse lugar, mais quando tem uma garrafa de vinho ou álcool. Assim que sem maior preâmbulo lhes direi o nome desta personagem: “Kaliman” —bom, esse ñao é seu nome, mas é assim como a gente o conhece—. Seu nome verdadeiro pode ser Pedro ou Juan ou tal vez Alejandro, ele sempre o muda. Mas para fins práticos vamos chamá-lo por seu apelhido.
Kaliman tem alguma idade entre os 40 e 50 anos, ñao sei bem. É um pouco encurvado e de pele enrugada e preta, já quase ñao tem cavelo, embora tem uma energia increível. Mas o que ressalta da figura do Kaliman s̃ao suas m̃aos. Elas opacam tudo o demais. Suas m̃aos s̃ao quase do tamanho do meu rosto. Assim que vocês podem imaginar que passa quando ele fecha as m̃aos e p̃oe-se em guarda. É uma coisa que dá medo. A primeira vez que o vi, fiquei surpresso, como era posível que alguém pudesse ter os punhos t̃ao grandes, seguramente ele tinha algum record em Ripley graças a esses descomunais punhos. Ñao acreditava. Ele era quase como o m̃aos de pedra Durán, aquele boxeador do Panamá. Tinha que conhcer a historia do Kaliman.
Depois dessa primeira impres̃ao que tive do Kaliman, passou algum tempo para que o voltasse a ver. Durante esses dias descobri que ele era assim, ficava na rua onde eu moro umas semanas e logo ía-se para outra rua. Ñao passou muito tempo antes de que ele voltasse, pois na minha rua ele tinha tudo o que precisava para viver, além, de muitos conhecidos que sempre estavam dispostos a dá-lhe uma moeda para sua garrafa de álcool. O dia que voltou, eu estava com um amigo, falavamos de alguma coisa que agora ñao me lembro. —nada importante—. O importante é que ele apareceu com seus punhos grandes para um caralho, que bem poderiam estar valuados em uns quantos milh̃oes de dólares se o Kaliman fosse boxeador nos Estados Unidos. Acercou-se nos e, entanto sua voz quebrada dizia —um, dois, três, jicamas; bateu ao ar com movimentos rápidos. Ao final desta demostraç̃ao de técnica disse-nos —com essa combinaç̃ao ficavam no ch̃ao. Depois disso voltou para mim e, com a mesma voz, disse-me —fraco empresti-me um peso. Eu tirei da bolsa de minha calça uma moeda e di-se-a. Mas em troca eu pedi-lhe que me contasse se alguma vez tinha sido boxeador. Com um sorriso que iluminava seu rosto me disse —deixa vou por uma garrafinha e quando voltei conto para você meus dias de boxeador.
O Kaliman partiu, mas eu estava a ponto de conhecer qual era sua verdadeira historia, meu amigo ñao ficava t̃ao emocionado como eu, assim que decidiu ir-se embora. Esperei e esperei até que o Kaliman voltou, e agora sim com sua garrafa na m̃ao, ficava presto para contá-me suas aventuras de rapaz.
Començou falando do ginásio onde treinava, chamava-se “Lupita”, e ficava em Tacubaya. Aí ele tinha empeçado sua carreira de boxeador, falava das horas de treinamento, do esforço que é converti-se em boxeador, da sua namorada, do difícil que foi para ele conseguir sua primeira briga e tantas outras coisas mais. Até que finalmente chegou ao momento triste da historia. Deu um grande gole a sua garrafa, respirou e disse-me —fraco ñao todo na vida é como um quiser que fosse. Olha para mim, eu que estava no melhor momento de minha carreira, a uns quantos dias de brigar pelo campeonato nacional e casá-me com minha namorada. Tudo foi-se à merda. Mas que foi o que aconteceu —perguntei para ele. —Nada eu achava que era invensível que ninguém podia conmigo, mas houve alguém que o fiz, se fraco alguém me ganhou. Quem foi –perguntei para ele com muita vergonha. —Minha namorada, a Olga. Como? —disse-lhe. Mas que você ñao ía casá-se com ela. Ía, sim —contestou. —Ent̃ao que acontecio. Com lagrimas a ponto de sair de seus olhos o Kaliman me disse —Essa noite, três dias antes de que brigasse pelo campeonato, briguei com a Olga, ñao pude contralá-me fraco, eu bate no rosto dela. Fiquei surpresso por t̃ao terrível imagem, ainda ñao posso imaginar como ficou a pobre da Olga. Acho que muito mal. Depois dessa noite —continuou dizendo o Kaliman—, eu ñao fico tranqüilo, tive que fugir para os Estados Unidos, morei lá dois anos, mas outra vez cometi um erro e voltei para Mexico, e agora vê-me, fraco, aquí morando nas ruas, com a lembrança que me atormenta o tempo todo. O Kaliman començou a caminhar sem rumo fixo, embora eu lhe gritasse que voltasse. Depois dessa noite nada foi igual, agora cada veio ao Kaliman sinto uma grande dor por ele, mas tambén para ele as coisas ñao foram as mesmas, cada que me vê disse-me —fraco amanh̃a vou-me para os United.

2 comentários:

Marquinhos dos Quadrinhos disse...

Oi Enio! Eu gostei muito da sua narração, ainda que seja tristissima. Você conseguiu transmitir a dor que você sintiu pelo Kaliman. Eu também fiquei com pena por ele. Parabéns pela narração!

rtr disse...

Quantas vezes não encontramos personagens assim pelas ruas e nem damos bola para eles, né? Sem saber que cada um tem a sua história.