quarta-feira, novembro 30

Uma Genese Violenta

Parte 4 – Encontro com o destino

Há 45 minutos

Alemanha. Sexta-Feira, 31 de dezembro de 1999.

O silêncio foi roto pelo Barão:
- Desculpa, Floresta, eu sei que tu só queres-me ajudar...
- Tudo bem, Krazykat- disse Floresta, abraçando ao Barão.
O Barão quebrou o novo momento de silêncio:
- Senti quando o Mark morreu...mas nunca senti a alma do meu filho deixar este plano da existência.
Floresta respondeu:
- Na verdade eu queria-lhe dizer isso. Não sinto rastos da presença da irmã de Lord Morpheus
- Se nem sequer tu a sentes significa que ela não veio
- Isso não é possivel! Shi deve sempre acompanhar aqueles que entram ao reino dela...
- Isso é verdade, mas se ela não veio e a alma nunca partiu... poderia ser que a alma do meu filho continuasse neste mundo?
-Poderia ser, sim. Mas...
- Poderia ser possivel que Chy-maal tivesse a almazinha?
Floresta asintiu. O Barão continuou pensando:
- Sim, prender um alma...tal ato pode ser feito. Temporalmente um alma pode ficar aprisionada...mas para quê?
Floresta mal podia acreditar que estivesse falando destas coisas. Ela odiava todo tipo de negócios sobre-naturais:
- Um alma não pode ficar aquim para sempre... precisaria um corpo.
- Exatamente! Um corpo! Mas só um corpo sem alma poderia recevê-la sem problemas.
- Os unicos corpos que num pricípio carecem de alma seriam esses horríveis experimentos dos que falávamos no outro dia...
- Os clones...mas ainda ninguém consegue criar um...nesta epoca não...
Uma lembrança fez Floresta tremer o pior. Exclamou:
- Krazykat! Escutei que un geneticista brasileiro disse que estava perto da criação dum clone...mas ninguém acreditou nele
- Se isso fosse verdade... e Chy-maal o soubesse...
- Então talvez ainda possa salvar ao menino!
- Soa absurdo, mas com esse mostro podemos esperar qualquer coisa. Apressa-te Floresta! Tu podes viajar à velocidade da luz! Tu es a única esperança do meu filho! Antes de que o pequeno corpo for corrupto...eu posso deter o proceso por um tempo só...mas deves ir embora!
Mas Floresta já estava na metade da viagem. Ela tinha compreendido a situaçâo. Em segundos já estava do outro lado do mundo, procurando em todos os laboratórios de genética do Brasil. Mas não encontrou o geneticista. Perguntou para uma pequena filifolha que vivia num deles:
- Sim, senhora.Trata-se do doutor Oliveira...mas ele não pôde trabalhar mais aquim. A comunidade cientifica brasileira nâo permitiu os experimentos dele...já tinham suficiente com os problemas causados pelas abelhas africanizadas como para permitir agora o nascimento do primeiro clone aquim.
- E aonde foi o doutor?
- Precisava um pais corrupto e que tivesse uma boa universidade onde fazer os experimentos dele...
Floresta imediatamente soube aonde ir. Segundos mais tarde entrava num laboratório onde estava o horrível mostro, Chy-maal le terrible: - Chère Floresta...prazer de vê-la. Procura alguma coisa, a filha maior da Natureza? – Perguntou de maneira burlona

Floresta não respondeu. Estavam frente a fente. Ela odiava a violência mas sabia que o conflito era inevitável. A vida dum inocente estava em perigo.

sexta-feira, novembro 25

O telefone sem fio


Acho que muito do que diz a Itzia lá embaixo é certo, pois não é um segredo que a vida adulta vem a complicar aquilo que na infância era simples. Antes, eu me lembro, os amigos eram para sempre, o futuro tinha a forma dos meus desejos e todas as pessoas que eu queria continuavam ao meu lado. Era uma época onde eu podia brigar com meu irmão sabendo que ao dia seguinte brincaria com ele como se nada tivesse acontecido, que podia reprobar um exame sabendo que isso não era o fim do mundo, ou fazer o ridículo sem medo nenhum a opinião alheia.

E é que, ser menino, pelo menos para mim, era intuir que o amanhã não importa porque o hoje é para sempre; era ignorar a etiqueta, mesmo nas festas mais elegantes, e me descalçar os sapatos somente porque tinha vontade, era saber que as coisas eram tão simples quanto o fato de que o mundo gira... e issa simplicidade se refletava em tudo o que eu fazia, o que eu pensava, o que eu sentia.

Algum desacordo? Podia-se solucionar com um duelo de jakenpô (você sabe, ese jogo de pedra, papel e tesoura)... Encerrado na casa?, sempre era possível organizar um torneio de esconde-esconde..., mas, se você queria rir –dos outros e de você mesmo– o jogo do telefone sem fio era ideal: para brincar somente se precisava de alguns meninos em fileira, uma frase despropositada e um pouquinho de ludribia para mudar a oração escutada sem que ninguém se desse conta. Por exemplo: alguém cochichava na orelha do seu companheiro:
- O João é um menino bom pra quaese tudo.
- A Martha disse que o João é um menino bom em quase tudo – sussurrava-se para o menino do lado.
- Dizem que o João é um menino bom e... não escutei bem, mas acho que ele diz batatudo – comunicava o terceiro na formação.
E assim seguiam as coisas até que a última criança da fila devia dizer em voz alta a mensagem: “O João é um menino bonde e barrigudo!”, e os risos começavam (perdão João por lembrar isto, esteja onde estiver).

Ontem a gente podia brincar assim, com certa candura e abandono, o que fazia de nossas piores traquinices algo inofensivo e absurdo, mais o tempo nos tem ensinado que cualquer coisa pode ser levada a mal, que todo é um bom pretexto para se sentir ofendido e que o mais importante neste mundo é o amor propio, mesmo à custa dos outros.

Ignoro porque agora as coisas são mais complicadas, por que têm uma pequena semente de perversidade: hoje somos mais facilmente afrontados, aborrecidos, pouco interessados ou fechados en nós mesmos. Hoje pareceria que a gente de alguma maneira sempre está desapontada com alguém, com si mesma ou com a vida... e quando enxergo isto não posso deixar de desejar que as coisas fossem mais simples, como eu lembro eram antes de que o tempo nos arrebatasse o ontem das mãos.

quarta-feira, novembro 23

Uma Genese Violenta

Terceira Parte – Diálogo na escuridade

Há uma hora

Alemanha, Sexta-feira 31 de dezembro de 1999.

A escuridade no dormitório não era problema para Floresta. Via perfeitamente, embora nesta vez desejasse não ter sentidos tão agudos. Mal podia acreditar aquilo que via. ‘Como pode ser ? Minha mãe nunca erra.’ Mas aí estava. ‘Um erro da Natureza? Não pode ser ainda que pareça.’ A unica risposta era ainda mais dificil de aceitar. ‘Uma morte anti-natural? Alguma vez ouvi, mas não o achei possível...acreditava-o uma simples legenda, embora o único ser capaz de algo assim era...’ A voz do Barão cortou os pensamentos dela. ‘Agora compreende?’ A voz dela soou por primeira vez hesitante, com duvida. ‘Compreendo, sim. Mas não o acredito...o corpo do menino está em perfeitas condições! Não tem feridas, nem batidas, nada. Nem sequer percebo substâncias venenosas nele.’ A face do Barão tornou-se ainda mais séria, como se tivesse desejado não ter conferido o resultado que ele já descobrira. ‘Exatamente, cara Floresta. O corpo do meu filho está em ótimas condições. O organismo dele todo está perfeito. Com tudo, ele está morto. Por isso encerrei-me aquim. Era preciso um analise sobrenatural em todos os espectros.’

A incomodidade de Floresta acrecentou-se. Ela sabia como resolver problemas naturais, mas coisas que ultrapassassem as regras dispostas pela mãe dela, ela as odiava. ‘E você já descobriu alguma coisa?’ Von Ruler ficou silente uns instântes. Uma horrível sensação quase não lhe permitia falar. ‘Descobri, sim. Desejava que estivesse errado, mas é a única explicação possível.’A voz dele soava trêmula, vacilante. Por um momento hesitou em falar para ela, mas era preciso. ‘A própria alma dele foi lhe extraída’.

A surpressa e a incredulidade apareceram na face de Floresta. Mal podia acreditar. Porém, por esquisito que soasse, concordou que era a única explição possível para tão raro sucesso. ‘Não acreditava isso possível’. Uma dor grande percebiu-se na voz do Baráo. ‘É, cara Floresta, é. Para alguém suficientemente poderoso e perverso, é possível.’

Agora era o medo o que se apoderava dela, pois essa pequena e simples descripção somente podia pertencer a um só ser e conferiu o que já suspeitara. ‘Esta falando daquele monstro?’. O barão assentiu com um movimento de cabeça ‘Com certeza...Chy-maal le Terrible, o nosso maior nemigo, voltou. E nesta oportunidade ganhou.’

Os maiores temores de Floresta estavam-se tornando verdade. A primeira coisa que pensou foi que iam precisar ajuda. ‘Você quer que faça saber a Lord Markus?’ A súbita risposta do Barão a surprendeu. ‘Quero não. Lord Markus tem outras preocupações.’ Floresta insistiu ‘Mas ele tem grande estima por você. Você mesmo baptizou o menino Mark como homenagem para ele.’ A risposta do Barão gelou-lhe o corpo. ‘A vingança é pessoal. Não me interessa se eu morrer, esse monstro não seguirá existendo’. E por um momento, o silêncio voltou reinar na escura estância do Castelo.

terça-feira, novembro 22

Uma Genese Violenta

Último intermezzo – Há 4 meses

São Paulo, Terça-feira 31 de agosto de 1999.

(Artigo sensacionalista aparecido nesta data na imprensa marrom.)

O ¨DOUTOR QUADRINHOS¨ PERDE A BATALHA

O famoso genetista brasileiro é obrigado a deter os experimentos dele.

O Doutor João Arnulfo (...) Oliveira (...), melhor conhecido pela mídia como ¨Doutor Quadrinhos¨ (devido a um dos sobrenomes dele e pelos fantasiosos experimentos -quase tirados duma revista de quadrinhos- que, segundo ele, fazia para clonar humanos) deixou de trabalhar na Universidade de São Paulo (USP) hoje. ¨A decisão foi tomada conjuntamente por toda a comunidade cientifica brasileira para evitar problemas maiores nos próximos meses¨ disse um representante dessa comunidade, em relação com um novo pronunciamento da Sociedade Brasileira Protetora dos Bons Costumes (SOBRAPROBOCO) indicando que não permitiriam o cientifico seguir com a pesquisa dele, pois temiam a vizinhança do primeiro dia do novo milênio. ¨Dentro da tradição judaico-cristã, é do conhecimento geral que o anticristo será um homem sem alma. Nós acreditamos que um clone pode ser mesmo esse homem. Tínhamos de evitar a aparição dele, sobre tudo estando tão pertos do primeiro de janeiro do ano 2000. Se o Anticristo for aparecer nessa data, estamos certos de que chegaria o fim do mundo¨ falou uma representante da SOBRAPROBOCO numa conferência de imprensa realizada hoje de manhã. Questionado por nosso repórter, o Doutor Oliveira não quis fazer comentários e somente exclamou com raiva: ¨Essas pessoas vivem enganadas. Defendem a religião e nem sequer sabem que o milenarismo é uma heresia! Estão cometendo um grande erro hoje. Estive perto dum logro grande que serviria à humanidade toda. Mal posso acreditar que nos nossos dias, o obscurantismo prevaleça ! ¨. A USP ainda não fez anúncio nenhum , enquanto que o futuro da pesquisa em clonagem deles é incerto.

Notas : palavras em vermelho, podem procurar definição nos comentários

quinta-feira, novembro 17

Uma Genese Violenta

Intermezzo 2 - Há 5 meses

São Paulo, terça-feira 31 de julho de 1999.

Carta da Sociedade Brasileira para a Proteção dos Bons Costumes à comunidade científica.

Nestes dias, parecesse que na luta contra a dessacralização da vida defrontassem-se os cientistas conscientes e os irresponsáveis. Os primeiros exigem respeito ao maior presente de Deus: a vida. Os outros preconizam o uso de embriões humanos nas técnicas de clonagem. Tentam fazer acreditar ao povo que os embriões são apenas ¨ humanos em potencial ¨ embora sejam mesmo seres humanos. A vida começa já na fertilização do óvulo. A Pontifícia Academia para a Vida, criada pelo Vaticano em 1994 e formada por 70 cientistas nomeados pelo Papa ¨não considera moralmente lícita a utilização de embriões humanos vivos para a preparação de células-tronco embrionárias¨.

Se esses argumentos forem insuficientes, os 14 mil membros da Associação Médica Cristã dos Estados Unidos têm a mesma opinião e sinalam que ¨é errado criar vida humana com o propósito de destruí-la¨. Portanto, a comunidade científica deve parar o uso dos embriões humanos nas técnicas de clonagem e não deve permitir os experimentos que alguns cientistas estão fazendo. Se não for assim, a sociedade civil pode levar este caso às autoridades do governo Federal.

quarta-feira, novembro 16

Uma Genese Violenta

Intermezzo 1 - Há 6 meses

São Paulo, Sábado 31 de julho de 1999.

Carta do Doutor João Arnulfo (...) Oliveira (...) à opinião pública.

Embora o que as pessoas geralmente acreditam, a clonagem é basicamente uma técnica de reprodução assexuada (sem a união do óvulo e do espermatozóide) e que origina indivíduos com genoma idêntico ao do organismo provedor do DNA. Infelizmente, a falta de informação e o fato de que a clonagem é ainda uma técnica em aperfeiçoamento, provocam que muitas pessoas vejam com medo este processo. E para o meu pesar, é a sociedade quem impõe limites à ciência. Eu acho que o problema maior é que muitas pessoas não distinguem entre a clonagem reprodutiva e a terapêutica. A primeira tem gerado desde há muito, uma polemica mundial, muito ajudada pela mídia, enquanto que a clonagem terapêutica é simplesmente uma transferência do núcleo duma célula para um óvulo que não o tem. Esta técnica nada mais é um aprimoramento das técnicas hoje existentes para culturas de tecidos que são realizadas há décadas. Usando-a poderíamos potencialmente gerar em laboratório, qualquer tecido que uma pessoa precisasse (por exemplo, de medula). Neste caso, o doador seria a mesma pessoa, evitando a rejeição. Isto vai abrir o caminho para uma nova forma de curar doenças e inúmeras pessoas serão beneficiadas.

No nosso país as pesquisas sobre a clonagem vêm-se desenvolvido aos poucos e se espera clonar uma bezerra para o 2001 (segundo a EMBRAPA) e muito se começa fazer na rama das pesquisas com células-tronco adultas, extraídas do cordão-umbilical de bebês ou da nossa própria medula espinal. Tenho de admitir que as células de maior interesse são aquelas dos embriões. Este é um passo polêmico, mas necessário para continuar com as pesquisas. Estamos falando dum conjunto de células que ainda não podemos chamar de indivíduo. Peço-lhes muita compreensão nisto.

Em resumo, a cultura de tecidos (clonagem terapêutica) é uma prática comum no laboratório, apoiada pela comunidade científica. A diferença com a clonagem reprodutiva é o uso de óvulos, que quando não fecundados são apenas uma célula e que poderiam permitir a produção de qualquer tecido no laboratório. É importante que as pessoas entendam a diferença entre as duas técnicas antes de se posicionarem contra as duas tecnologias. É fundamental que a nossa legislação apóie também essas pesquisas porque elas poderão salvar milhares de vidas.

quinta-feira, novembro 3

O mexicano frente ao dia dos mortos




Cómo é que o mexicano celebra o dia dos mortos? Bom, nos temos a tradição de fazer “ofrendas” onde colocamos coisas típicas como flores de cempazuchitl, doce de abóbora, frutas da temporada, calaveiras de doce (açúcar, chocoate e até amaranto), pão de morto, comida mexicana, e adornos com papel picado. Alem disso, colocam se as coisas favoritas dos mortos (para aos que vão se dar a ofrenda) como cigarros, garrafas com tequila, vinho ou alguma outra bebida, brinquedos, etc.

Outra tradição que temos é fazer “calaveirinhas”, fazer versos engraçados que tenham relação com as pessoas de quem se fala nelas. Estas podem se dedicar a pessoas vivas ou mortas, o importante é que tenham muita creatividade e que digam coisas deles e a relação com a morte.

Também se fazem alguns desenhos de pessoas, caricaturas, mas como se fossem calaveiras. Estes são brincalhões e tentam retratar a pessoalidade delas.

Por essas e outras coisas é que se diz que o mexicano se ri da morte, mais é verdade? Então cómo é que cuando uma pessoa querida morre e tão doloroso para os vivos.

A morte tem sido un tabú na historia da humanidade, nas culturas antigas uma característica de algumas foi o culto a morte, ainda é, a gente faz funerales, asiste ao cemitério, fala como os mortos, reza orações, fala com Deus. Alem disso é todo um mistério, porque até hoje ninguem sabe o qué é a vida depois de morrer.

O mexicano não se ri da morte, isso é só uma tradição que temos e que gostamos de celebrar. A gente ainda não tem cosciência que todos temos que morrer e que quando esse momento chegar, vamos ter que aceitar como só uma coisa natural. As veces se diz que quando alguém morre, nos choramos não só pelo afastamento da pessoa senão porque não sabemos cómo é que será a nossa vida sem ela.

No México jogamos com a morte, rimos com ela e dela, mais só no día dos mortos, pela tradição mais não porque sejamos um povo com uma cultura da morte muito avançada.

Ou, qué é que você acha?

terça-feira, novembro 1

Uma Genese Violenta

Segunda parte

Morte Antinatural

A única luz no dormitório entrava pela grande janela central e iluminava o luxuoso leito onde yazia o corpo do menino. A face dele, o aspecto, o semblante, a apariência toda era duma tranqüilidade imensa. Parecia, de fato, simplesmente dormido. Dificil era acreditar que estivesse morto.

De pé ao lado do leito, Krazykat Von Ruler observava o pequeno corpo. O Barão estava com o rosto sério. Todo ele estava imóvel, absorto, como quando a gente fica sonhando acordada. Ninguém (tal vez nem sequer ele) o tinha visto assim, pois a alegria e o bom humor dele eram legendários. Mesmo que estivesse tão concentrado, percebeu instântaneamente o momento em que deixou de estar só. Falou para a pessoa súbitamente aparecida detrás dele que estava esperando a chegada dela. Foram as primeiras palavras que articulou desde a hora na que sintiu a morte do menino.

Era Floresta. Dela era a habilidade de viajar com a luz e assim tinha podido entrar. Ela respondeu que logo de saber o acontecido, tinha partido rápidamente. Também lhe falou que ainda não o podia acreditar, embora se o mesmo Lord Morpheus lhe tivesse avisado. Perguntou como tinha acontecido.

O Barão relatou a misteriosa forma na que uns esquilos tinham chamado a atenção duns caipiras e como depois de seguir aos animais, aqueles homens tinham encontrado o menino deitado no bosque, perto da lagoa. Comentou com grande tristeza como ao princípio tinham-no achado dormido, porém quando quissessem acordá-lo, tinham percebido que estava frio. Eles tinham-no trazido ao castelo e desde essa hora, ele estava examinando-o. Floresta não compreendeu essa ultima frase. Perguntou para Von Ruler que queria dizer com isso. A única risposta do Barão foi que para compreender, ela simplesmente devia ver o corpo.

A filha maior da Natureza aproximou-se lentamente, com respeito. Sómente a grande afinidade com a mãe dela lhe permitiu conferir aquilo que com os olhos não podia acreditar. Depois de ter sido testemunha da maior parte da história da vida na Terra, a surpresa e a incredulidade eram sensações quase desconhecidas para ela. Porém, nesta vez, a impressão causada por aquilo que estava vendo era tão grande, que mal podia acreditar o que os sentidos sobre-humanos dela percebiam. Aquilo não podia ser, contradizia todas as regras dispostas pela mâe dela. Ainda que desejasse acreditar o contrário, Floresta soube que era verdade. Ao mesmo tempo pensou que ia enfrentar uma situaçâo diferente, perigosa, e que esse enigma encerrava algo mais complexo que um assassinato comum.